OCÉANIQUES ANONYMES
OCÉANIQUES ANONYMES
Festival Ventania 2021

Dança

OCÉA­NI­QUES ANONY­MES

Le Poème en Volume & KALE Com­pa­nhia de Dança

Com base no trabalho do­cu­men­tal da fo­tó­grafa Hélène David e do escritor Donatien Garnier, o co­reó­grafo Gaël Domenger transpõe para o palco o quo­ti­di­ano dos ma­ri­nhei­ros do séc. XXI, ques­ti­o­nando as suas re­pre­sen­ta­ções. No palco, seis dan­ça­ri­nos, um fo­tó­grafo, um músico, um narrador e um designer de luz cons­ti­tuem uma equipe mul­ti­dis­ci­pli­nar dedicada a gerir co­le­ti­va­mente a sucessão de estados de pressão ins­tau­ra­dos pela dra­ma­tur­gia.

Nesta câmara caótica, as per­cep­ções do espaço são ate­nu­a­das para envolver o público e tornar vívida a ins­ta­bi­li­dade per­ma­nente da vida no alto mar. Porque se trata aqui de transpor ar­tis­ti­ca­mente o universo marítimo sem recorrer a outros recursos que não os da criação co­re­o­grá­fica. O processo de criação é então do­cu­men­tado em tempo real pela fo­tó­grafa Hélène David, ao longo do es­pe­tá­culo: pro­je­ta­das ao vivo e em formato muito grande, as suas imagens con­tri­buem para a “cli­ma­to­lo­gia” do es­pe­tá­culo e deslocam o quadro co­re­o­grá­fico para a re­a­li­dade em alto-mar.

Imerso nesse duplo olhar, o es­pec­ta­dor vivencia as tensões es­pe­cí­fi­cas do quo­ti­di­ano do oceano: in­ti­mi­dade e coletivo, orgânico e mecânico, iso­la­mento e in­ter­de­pen­dên­cia ... O es­pec­ta­dor passa por toda uma “previsão me­te­o­ro­ló­gica para corpos“, es­ta­be­le­cida por Gaël Domenger ao observar as sin­gu­la­ri­da­des e in­te­ra­ções dos quatro jovens bai­la­ri­nos da Kale Com­pa­nhia de Dança e os dois dan­ça­ri­nos ve­te­ra­nos as­so­ci­a­dos ao projeto. Entre rotina e adre­na­lina, so­li­da­ri­e­dade e dis­si­dên­cia, o embarque proposto não deixa de ter eco, eco político, com si­tu­a­ções cada vez mais ob­ser­va­das em terra.

“Oceâ­ni­cos”:
Os ma­ri­nhei­ros de alto-mar são veículos da de­pen­dên­cia global de matérias-primas, bens de consumo, in­dús­trias ex­tra­ti­vas (80% desses bens são trans­por­ta­dos por mar) e, em par­ti­cu­lar, da pesca (70% dos peixes sel­va­gens con­su­mi­dos).

“Anónimo”:
Dois milhões de ma­ri­nhei­ros, em sua maioria homens, estão entre as partes in­vi­sí­veis da so­ci­e­dade. Longe de terra por longos períodos de tempo, eles são as cobaias re­sis­ten­tes de uma economia des­re­gu­la­men­tada baseada no “dumping social”, e pautada pela negação am­bi­en­tal.

“Oceâ­ni­cos Anónimos”:
Apesar dessas di­fi­cul­da­des ou talvez por causa delas, estes ma­ri­nhei­ros costumam ser muito apegados à sua pro­fis­são. De­pen­den­tes?...

Ficha técnica

Coreógrafo: Gaël Domenger
Fotografia: Hélène David
Texto e Récita: Donatien Garnier
Bailarinos: Joana Couto, Gustavo Magalhães, Rita Neiva Santos, Mariana Malojo,
Jean-Gérald Dorseuil, Ederson Xavier.
Composição Musical e Interpretação: Arnaud Romet
Desenho Luz: Laurent Davaille

Coprodução:
Le Poème en volume
Malandain Ballet Biarritz
Kale Companhia de Dança

Duração: 60´

Classificação etária: > 6 anos

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  • sábado, 11 setembro 2021 / 19h

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